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Thrashin' United Tour 2007:

13º. Final de semana - Thrashin` Perú!
27/Nov/2007

13º. Final de semana - Thrashin` Perú!



¡Hola amigos del thrash loco! Como estão?

Muito tempo sem escrever. Desculpem. Já tinha previsto que com o desenrolar do rolê insano ficaria difícil manter esse diário e contar todas as histórias, aventuras e furadas que nos metemos nessa sulamérica. Mas a praga nunca muere e não vou desistir fácil. Muitos desocupados contando comigo, não vou deixar ninguém da minha classe de pilantras na mão. Estamos no interior da Argentina. Quintal de barro batido, cercados por vacas, cavalos e vira-latas pulguentos. Ao som de Municipal e abastecidos por mate tererê. Catei algumas folhas de caderno do Duracell e esse é o primeiro diário que escrevo no punho. Um pouco trabalhoso. Mas trabalho mesmo vai ter quem traduzir minha péssima caligrafia para a tela do computador.

Chegamos ao vigésimo dia de novembro. 98 dias vivendo de rock. Já passamos da metade da viagem. A segunda parte da tour chegou ao fim. Um misto de alívio e tristeza que é difícil de precisar começa a se abater sobre nós. Uma vontade louca de voltar para minha vida Caga-Sangue em Brasa City. Um medo da porra da vida de trabalhos e estudos. Uma certeza de que queremos thrashear pra sempre. Pelo menos enquanto esse sentimento inexplicável, inebriante e rejuvenescedor fritar nas nossas veias. Que frite bastante ainda.

Muito se passou nos últimos dias. Sofremos como condenados na Bolívia. Tememos por nossas vidas. Ficamos doentes. Perdemos bens importantes pra viagem. Consegui visitar Brasília. Fizemos mais um show no Brasil. Mas antes de todas as histórias de terror e pânico e contos da cripta bolivianos vamos aos maravilhosos dias de sol, passeios turísticos e shows locos no Peru.

Motochinas e berimbaus em Piura
Como havia descrito no último post, saímos apressados de Loja direto para o interior do ônibus. Cruzamos a fronteira as 4h da madrugada e só fomos conseguir entrar no Peru (sem trocadilhos infames) perto de amanhecer. Um amontoado de turistas coroas, freiras e outras seres de meio século furavam a fila da migração e passaram na nossa frente. Uma merda.

Quando desembarcamos em Piúra, primeira cidade peruana, às 8h da manhã uma péssima surpresa. No balanço dos excelentes ônibus equatorianos a guitarra do Cambito pulou pra fora do compartimento de bagagens acima das nossas cabeças, teve um encontro infeliz com o chão e se partiu em duas. O cara ficou arrasado. Foi dos momentos mais desagradáveis de toda a tour. O Cambito passaria o resto do dia calado e cabisbaixo. A gente ficou naquele espírito constrangido, embaraçado de comentar qualquer coisa. Alguns dias depois o constrangimento passou e toda vez que alguém pegava na guitarra um outro já puxava: “Ô berimbau! Pedaço de arame e pedaço de pau!”. Só tem filha da puta nessa banda.

A primeira impressão de Piúra foi um misto surreal entre a China da TV e algumas cidades do Final Fantasy 7. Várias motos transformadas em charretes passando por todos os lados. Me senti no Globo Repórter. Pegamos um carro com um taxista gente fina. A conversa foi um panorama da Política Institucional peruana. Ele nos levou a uma casa de câmbio, trocamos nossa grana por soles. Seguimos para a rodoviária, onde descobrimos que só haveria baú as 6 da tarde. Tínhamos três opções para Lima. É claro que escolhemos a mais econômica. SOTS, porra.

Teríamos, então, um dia livre em uma cidade desconhecida e sem ninguém para servir de babá pra gente. Uma beleza. Saímos a pé sem rumo e fomos parar num lugar que nos lembrou a Samambaia. Demos meia volta e chegamos em uma praça que é o símbolo da cidade. Lugar muito agradável. Sombra, bancos, crianças brincando. Tudo no script. Passamos algumas horas sentados ali, vendo o movimento. Lendo. Encontramos um restaurante vegetariano bastante barato. Delícia. Direito a iogurte e sopa. Em poucas horas havíamos sido conquistados pelo Peru.

Passamos a tarde em um cyber café. Incrível como a gente passa a valorizar aqueles momentos de interação virtual com as pessoas queridas no MSN. Voltamos para a rodoviária. Lá encontramos dois loucos que não sei como souberam que a gente era do Violator quando nos viram passando pela rua. Trocamos uma idéia bacana, daquelas que não envolve pagacão de pau e dá vontade de conversar. Era hora de catar o nosso baú econômico. Por uma daquelas cagadas do destino, daquelas que só acontecem uma vez na vida, o ônibus fuleiro quebrou. Nós infelizmente teríamos que viajar no Bus-cama de luxo, gozando de cadeiras confortáveis e dvd’s filmados clandestinamente com os últimos sucessos do cinema. Realmente, o Peru era um país incrível.

Noites grindeiras e stage dives indecentes em Lima
A viagem até Lima durou a noite inteira. Paramos para uma janta de arroz com frango. Eu e o batera ficamos só no arroz. Foda.O ônibus cruzava um deserto que parecia o Arizona de Thelma & Louise. Duracell me acordou pela manhã quando tivemos a primeira visão do Oceano Pacifico. Eu mal podia acreditar que esses piões tinham chegado tão longe.

Desembarcamos em Lima, no meio da manhã. Fria e caótica. Nos lembrou São Paulo. Raul nos apanhou, fomos de táxi até o Hotel Bohemia, nossa casa nos próximos dias. Raul e sua mulher Ana foram uns dos produtores que mais tivemos contato e ficamos camaradas nessa gira. Deu tempo de tomar banho – meu cabelo ainda fedia do show de Loja – e sair pra almoçar. Um restaurante muito bacana no bairro de Miraflores, um lugar encantador. Depois de uma salada de abacate andei à uma cabine telefônica e liguei para o Genão, meu pai. Ele estava de férias no Peru com minha irmã. Iria aproveitar para pegar o show dos Violas e um rolê com a gente.

Alguns minutos depois, Genão descia do táxi. Fazia uns 4 meses que não o via. Foi um reencontro muito bom. Esperamos ele e a Julia almoçarem e saímos para um volta por Lima. Acredito que aquela era a parte mais chique da cidade. Era uma Curitiba com upgrade. Uma cidade incrível. Fomos a pé até o Pacifico. Demos uma volta pela orla, tudo muito bonito. Entramos num shopping center, jogamos um fliperama. Tinha uma daquelas máquinas com aquele Simpsons de 91, nostalgia total. Encontramos uma Pizza Hut e convencemos o Genão a bancar um SOTS pra nós. Voltamos a pé para o hotel, rolê legal pra conhecermos melhor a cidade. Encontramos ate uma parede com desenhos de Robert Smith, Ozzy e Ray Charles para bater umas fotos. Roqueiro total.

Voltamos ao hotel. Tempo de trocar de roupa, raspar a cabeça e preparar o merchanda pro rock de mais tarde. Estava um frio de lascar nessa noite. Seguimos todos empacotados pro Templários Bar. Descobri que as calças toradas se transformam em ótimas cirolas embaixo do moletom. Conhecemos Ted, o dono do bar, muito gente fina. Passamos o som, altura do palco perfeita, tamanho do local ideal. Já tinha uns thrasheiros maníacos peruanos bangeando na frente do palco quando terminávamos a passagem.

Foi entrando gente e mais gente naquele bar, e a banca de venda de materiais ficou um tanto conturbada. Mal tive espaço para comer o sanduíche que o Raul trouxe, muito menos ver as bandas que tocaram com a gente. Só deu pra ver um pouco do Epilepsia que tocou antes do Violas. Eu já tinha o disco “Thrash Again” e foi muito bom conferir aquelas músicas ao vivo.A lenda grindeira belga Agathocles tocava no mesmo bar no dia seguinte e tivemos uma grata surpresa quando aqueles mindingos hippies punx metaleiros apreceram por lá para curtir o rolê e conferir o show violeiro. O baixista é muito gente fina. Descolei uma peita da tour pra ele. No dia seguinte ele estaria lá com a mesma roupa. Tenho que aprender com ele.

O Agathocles trouxe sorte pra gente. Quando subi no palco dava pra ter uma idéia de que aquele seria um show louco. O que eu não poderia prever é que aquela seria a apresentação mais insana de toda a tour e uma das melhores de todos esses anos thrasheando com os Violator. Deviam ter como 350 pessoas ali e eu não conseguia ver ninguém de braços cruzados. Os Circle Pits iam ate o balcão do bar do outro lado do Templários. Muitos stage dives, eu tinha que tocar espremido na bateria. Me refrescava com o kick do bumbo. Logo na primeira música não agüentei e saltei no meio das pessoas com baixo e tudo. No mosh de Atomic Nightmare o Duracell largou seu trampo de roadie e deu seu primeiro stage dive da vida. Arremessaram ele de volta ao palco e ele se jogou contra as pessoas novamente, dessa vez mais longe. Talvez seja difícil traduzir em palavras a energia daquela noite. O que importa é que foi tudo muito louco e especial. Quando tocamos UxFxTx joguei o baixo de qualquer jeito pro lado e mergulhei nas pessoas. Rasgaram minha camisa em vários pedaços, tentaram arrancar minhas calcas e levar meu tênis. Perdi minha bandana fácil. Voltei ao palco pra terminar a música como um frango despenado. Acabado e seminu. Eita rock. Só lamento porque aquela era uma das minhas camisas favoritas.

Depois do show, um bom tempo falando com todas as pessoas e tirando fotos. Eu e o Capaça resolvemos voltar para o Hotel, enquanto os outros ficariam para um rolê com o Genão. Catamos um ônibus espremido e descemos a algumas quadras frias de onde estávamos. Raul e sua esposa Ana nos deixaram lá para serem assaltados logo em seguida. Uma pena. Ao menos não levaram grana do show. Estava escondida no bolso secreto da pochete. Naquela noite eu e o Capaça tivemos dificuldades para dormir com a movimentação e os gritos femininos Cine Privê do quarto do lado.

Teríamos o dia seguinte livre para conhecer Lima e ver o show do Agathocles. Ficamos muito felizes com isso, pois já lamentava perder a apresentação deles com o Rot, Ristetyt, Subtera e Social Chaos no Brasil em dezembro. Genão e Julia vieram se hospedar no nosso hotel. Raul nos levou para comer uma comida chinesa maravilhosa no centro. Uns champions gigantescos. Uns brócolis verde-escuros descomunais. Demos uma volta por uma praça muito bonita. Parecia o Central Park de “Esqueceram de Mim”.

Fomos a algumas lojas roqueiras. Catei uma camisa do Autopsy e uma do The Clash. Farofa pra caralho. Ganhei de brinde um CD-R. Escolhi um Deathcrush, apesar dos avisos de anti-mosh, anti-core e anti-fun. Tudo que eu gosto nessa vida. Capaça descolou uma belíssima camisa do Massacre. A qualidade e o preço das camisas peruanas nos deixou boquiabertos. Sentamos em um bar para os caras tomarem umas caipirinhas. Visitamos um espaço anarco. Um jesus morto anti-tourada pendurado na parede, muito bonito. Várias pinturas, desenhos, livros, patchs, camisas e discos bacanas. Brasília precisava de um lugar assim.

Andamos até a Feira do Guará de Lima. Compramos um transformador pro videogame. Estava anoitecendo. Um entardecer muito bonito. Uma cidade muito bonita. Um momento de genialidade de Cambito. Ao cruzarmos uma das maiores avenidas daquele centro havia um menino fazendo malabarismos para ganhar uns trocados. Cambito atravessou de um lado ao outro fazendo estrelinhas desastradas e tentou conseguir alguma plata dos motoristas. Em vão . Chegamos a rodoviária, compramos as passagens para o dia seguinte. Voltamos num táxi no Style Detroit de Robocop. Barras de ferro, luvas com dedos cortados e tranqueiras no painel.

Raul e Ana nos buscaram as 22h. Andamos até um Sky’s peruano. Sanduíches e mostardas fartos. Mais algumas quadras levando o carrinho de merchanda ate o chegar no Templários Bar. Ted deixou a gente entrar na faixa. VIP, rapá. O Agathocles já ia começar a tocar. Tinha menos gente que na noite anterior, mas estava aquele clima agradável e mais descompromissado, típico dos shows de grind. Conhecemos varias pessoas. Finalmente tínhamos Chemical Assault para vender pela primeira vez desde que deixamos o Brasil. Rolldão tinha enviado os discos a Martin, um amigo de Duracell que vive em Lima.

O Agathocles fez um excelente show. Total old school grind. Os caras são um tanto parados. Fiquei na dúvida se era uma opção estética anti-performance ou se era só preguiça mesmo. Fiquei um tempo conversando com o Ian sobre a cena Punk brasileira dos anos 80. Fiquei contente de descobrir que ele é um cara bastante tranqüilo, simpático e na dele. Uma inspiração para lidar com os roqueiros.

Um táxi de volta ao hotel. Duracell voltou depois com Raul e Ana. Estava esperando ganhar um CD de uma banda que tocou naquela noite e ele deu uma força no som. Acordamos a tempo somente de pegar o ônibus para Cusco. Capaca almoçou um peixe apimentado ao lado da rodoviária. Ficou um tempo sofrendo com isso. Antes de embarcar conhecemos o cara do Painless Zine, uma publicação muito bacana. Nos despedimos de Raul e Ana, nunca nos esqueceremos daqueles dois.

Turistas Thrashers em Cusco
Ocupamos os últimos lugares do ônibus. Seriam 24 horas de viagem até Cusco, antiga capital dos Incas. Não tínhamos shows por lá. Fomos só de folgados mesmo. Só tinha gringo no baú, inclusive a gente. Essa talvez tenha sido a viagem mais bonita de toda a tour. Oceano pacifico de um lado, deserto pitoresco do outro. Passou um filme chinês chamado “Arma Pelada” ou algo assim. Era o filme que o saudoso Afonso Brazza faria se tivesse dinheiro. Tiros, explosões e lutas coreografafadas. Tudo isso com um inglesão tosco dublado. Bom demais. Fazia muito calor dentro do baú. Um rodomoço corria de um lado para outro tentando nos agradar. Não havia parada pra jantar. Eu e Batera tivemos que comer arroz puro. Só.

Cusco fica a 3500 mts de altitude. Todo mundo falava que a gente ia sofrer com isso. Não pensei que fosse verdade. Eram 3h da manhã quando acordei passando muito mal. Meus olhos e nariz ardiam incessantemente. O peito doía quando tentava puxar o ar. Pensei que era só eu que estava frescando, mas quando me dei conta estavam todos acordados, calados, sofrendo. Já amanhecia quando consegui fechar os olhos e descansar por um par de horas. O ônibus quebrou. Genão comprou um saco de pães. Estava faminto. A viagem seguiu pelo meio dos Andes por toda manhã. Um cenário incrível. Canions, rios, montanhas, Into the Wild.

Chegamos em Cusco nas primeiras horas da tarde.Descolamos um hotel barato. Saímos para uma volta e encontramos um bom lugar pra comer. Sopinha de cogumelos e tudo mais. Algumas voltas nas praças e uma caminhada até a estação de trem. Embarcaríamos em um vagão dali em dois dias.

Cusco é uma cidade ocupada por e em função dos gringos. Machupichu fica a duas horas dali. Não podíamos ir porque era muito caro. Um dia eu volto. A noite, os caras foram comer em um restaurante chique de uma amiga do Raul. Eu fiquei num cyber escrevendo o diário e tentando diminuir a saudade. Fui direto para o hotel e me deparei com o Cambito doente, gripado, febril. Enrolado embaixo das cobertas. Ele assistia “A Grande Família” na Globo internacional. Me meti nas cobertas também. Nunca tinha ficado tão feliz de ver o Agostinho.

Acordamos cedo no dia seguinte. Fomos a uma feira de artesanatos. Me enchi de aparatos andinos. Batera parecia um daqueles primos dele que tocam flautinha de pau na Torre de TV. Almoçamos no mesmo lugar. Demos uma volta. Encontramos Olivier, um francês louco que conhecemos em Lima. Ele tatuava naquela tarde. A noite, comemos um sanduíche que seria o martírio de Capaca. Ele estava indisposto e voltou para o hotel. Nós fomos a uma apresentação de música andina cativante. Foi palha porque assim que terminou a apresentação, soltaram um Black Eyed Peas bem alto nos PA’s, os playboys todos se levantaram transformando o que era um agradável ambiente de Pub numa boate nojenta. Saí dali o mais rápido que pude. Voltei a pé para o quarto. O frio doía nos ossos.

Encontrei o Capaça acabado no hotel. Ele passou a noite cagando e vomitando. Acordamos bem cedo para pegar o trem. Capaceta mal se agüentava em pé. Entramos no vagão e partimos para um dia de viagem de Puno. Fomos de classe econômica. Desconfortável pra caralho. Pelo menos tinha uma mesa pra gente jogar baralho. Genão nos ensinou o grande segredo para que as horas de viagem passem mais rápido: mau-mau. O novo vício temporário da tour. As horas se arrastavam dentro daquele vagão. Por um lado estava feliz de deixar Cusco. Tinha pegado um pouco de repulsa daquele esquema de plástico feito para pegar dinheiro dos gringos. Conforme o trem se afastava, eu via aqueles bolsões de miséria ao redor da cidade e me enojava como àquela cidade era artificialmente construída. As pessoas que viviam ali não podiam fazer parte do que a cidade oferecia. Foda.

Bangeadas doentes em Puno
Capaça ficou deitado, atravessando as pernas pelo corredor, até a hora de descer em Puno. Antes, paramos numa feirinha e compramos um cacho de banana pra ver se segurava o intestino do nosso camarada enfermo. Por volta das 6 da tarde, lá estavam Guillermo, Peter e Ali, os três organizadores do show para apanhar os Violas, Duracell, Genao, Julia e uma infinidade de tralhas.

Só conhecemos o centro de Puno. Aquele style chino-peruano que havia comentado de Piura. Deixamos as coisas no hotel.. Tomei um banho. Havia passado intacto por Cusco. As mesmas cuecas, inclusive. Frio é cruel, pô. O Capaca ficou deitado, febril. Ele ficaria ali até a hora do show. Eu também estava me sentindo muito mal. A garganta doía a cada vez que engolia cuspe. Andamos algumas quadras ate um restaurante. Voltamos para o hotel e desmaiei no colchão. Os caras seguiram para o show. Eu fiquei lá. Desmaiado com o Capaça. Em quase 120 shows dos Violas, eu nunca tinha chegado só pra tocar. Sempre há uma primeira vez.

Já passava da meia-noite quando nos buscaram no hotel. Chegamos no local do show, um lugar muito foda. Ajeitamos o som e quando fomos começar a tocar o Capaça: “Pára. Pára! Preciso cagar.” Mais um ineditismo em nossas vidas. Ficamos lá sentados no palco, enquanto o bicho pegava um táxi de volta ao hotel e botava em prática o ultimo verso de The Plague Never Dies. O banheiro do show era impraticável. Tinha um baldão de água, e achei que era pra mijar lá dentro. E mijei. Depois eu descobri que aquilo era a pia do show. O Cambioto viu alguém enfiando o cabeção lá dentro e se lavando todo. Coitado. O show começou logo em seguida. O som estava muito fera. O Capaca foi um herói nesse show. Mesmo muito doente, o vagabundo bateu cabeça como um filho da puta. A altitude de 3800 metros dificultava muito. Se você fica ofegante para subir um andar de escadas, imagina para correr, banguear e fazer aquelas caretas.

O show terminou. Era hora de voltar pro Hotel. Pela manhã, Ali, Peter e Guillermo nos levaram a um café-da-manha e nos acompanharam ate a rodoviária. Não era bem uma rodoviária, na verdade. Era mais como o lugar de onde saem os ônibus de sacoleiros do Brás. Pegamos o nosso ônibus tosco e seguimos para a Bolívia. Não imaginava que estávamos prestes a fazer a pior viagem das nossas vidas e pela primeira vez nessa tour, temer, realmente, por nossas vidas.

Mas isso fica para o próximo post. Obrigado a todos os amigos de verdade. Vocês fazem valer a pena tudo.

UxFxTx e Thrash Pião sempre.
PMA!
Poney

 

 


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