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Thrashin' United Tour 2007:

12º Final de semana – Thrashin’ Equador!
06/Nov/2007

12º Final de semana – Thrashin’ Equador!

 


 

¡Rola pra ustedes, locos del Thrash!

Como estão, amigos? Como tudo o que fazemos, isso aqui não deixa de ser algo para os amigos, certo? Muito tempo sem escrever. Estou agora na cidade de Cusco, Peru. Antiga capital dos Incas e 3500 metros acima do mar. Os últimos dias foram muito intensos. Muitas cidades, pessoas, hotéis, praças, shows, comida, gripes, livros, discos, patchs, enjôo, Agathocles. Alguns dos melhores dias de toda essa tour. Peço desculpas aos desocupados que encontram nesse diário um exemplo de como sempre é possível ser mais vagabundo, mas dessa vez não deu. Pilantrei a própria pilantrice. Vamos retomar agora.

Entramos em novembro. Nessa semana completamos 90 dias de rolê insano. Fico impressionado como já estamos acostumados a essa vida na estrada. Não existe mais banheiro ruim, viagem longa, comida que não preste. No Equador descobrimos que ainda existem ônibus desconfortáveis, mas isso eu conto mais pra frente. De qualquer maneira, o que quero dizer é que nesses últimos dias tenho me encantado com a nossa capacidade de passar 20 horas sentado sem fazer porra nenhuma, se divertir costurando ou cagar em qualquer rodoviária. Acho que a gente cresceu ou algo assim.

Por outro lado, a saudade de casa tem apertado cada vez mais é. Até mesmo o Duracel, que entrou no rolê só a partir da Venezuela, já está sentindo o baque. “Nunca pensei que fosse sentir tanta falta da Barragem”, solta o Cambito vez por outra. Eu, que certa vez já achei que Brasília não era lugar pra mim, nunca sonhei tanto com um Caga-Sangue. No Sleep Till Caga-Sangue. Daria um bom nome pra terceira parte do giro.

Que venha o Equador
Logo depois do último post, voei pra nossa hospedagem em Dosquebradas arrumar minhas coisas de maneira desastrada, como sempre faço. Fomos com Andrés e Andréa para a rodoviária. Lá encontramos todos os nossos amigos colombianos, dos quais falei tanto no último diário e que já me fazem sentir saudade ao escrever este. Abre parênteses. A sensação de estrada constante nos leva a conhecer pessoas incríveis com uma freqüência incrível ao mesmo tempo que força a despedida com a mesma velocidade. Foda isso. Fecha parênteses. Quando deixamos Pereira estávamos um pouco tristes por não saber quando encontraríamos aquelas pessoas bacanas de novo. Ao menos preparamos um presente. Revelamos uma foto com todos juntos só sorrisos juntos com bilhetes para cada um deles como forma de agradecer por aqueles dias.

Pegamos o ônibus às nove da noite da quinta e às oito da manhã da sexta estávamos em Ipiales, fronteira com o Equador. Era pra ter rolado o show do Violas na noite anterior. Cancelaram, pois eram dias de eleição e lei seca na Colômbia daquela semana. Tudo bem, acontece. De qualquer maneira, o Danny, responsável pelo show foi buscar a gente na rodoviária para nos ajudar na travessia da fronteira. Ficamos muito agradecidos, foi algo muito bacana da parte dele. Tava um frio de lascar. Ainda tive que pagar 50 cents pra usar banheiro e me virar com um micro pedaço de papel, já que cada tira extra era mais 20 centavos.

Tacamos todas as coisas dentro do carro de Danny e atravessamos a ponte que divide a Colômbia do Equador a pé. Um vale verde bonito pra caralho. Carimbamos os passaportes e ganhamos um papel burocrático que em caso de perda, multa de 200 doláres. “Se alguém perder, vai ser eu”, pensei. Chegamos até a cidade de Tulcan, a primera equatoriana. Fomos a um lugar de frango frito com batata. Pela quantidade de estabelecimentos que visualizei com esse cardápio, comida favorita dessas bandas andinas. Fomos andando a pé até a rodoviária para conhecer a cidade. Montanhas verdes ao fundo. “Cenário de propaganda de leite”, Cambito acertou em cheio. Mais uma vez. Mal sabíamos que caminhávamos para uma das piores viagens de nossas vidas. E olha que a gente morre de paixão pelos sacoleiros.


A morte pede carona.
Danny nos levou até a porta do ônibus. Havíamos conseguido umas passagens realmente baratas. Elas vinham acompanhadas de cheetos genérico e refri detergente. Ao me deparar com aquele veículo cheio de adesivos de leões, cobras e um desenho de um Piu-piu automobilista, relembrei toda a noção de que eu tinha de como seria uma tour pela américa do sul e que havia sido constantemente desmentida por ônibus leitos venezuelanos, refeições com sopa de entrada e TVs a cabo em hotéis colombianos. O bagulho ali era bruto. Nada de ar-condicionado, bancos reclináveis, uma pessoa por banco, essas regalias de boy. O negócio ali era bruto. Pessoas amontoadas pelo corredor. Um calor infernal que me fazia suar como se dentro do meu mad rats estivesse rolando uma sauna gay. Bastante animada. Pra completar, quem guiava era um motorista chicano louco que acredito não sabia bem o que era contramão. Ou então fazia só pra emocionar a moçada mesmo.

Mal pegamos o ônibus e a polícia anti-narcotráfico já parou o ônibus. “Brasileños, desçam.” Os canas estavam curiosos para saber o que carregávamos naquelas caixas de madeiras trancadas com cadeados manauras. “Discos de rock, para distribuición, señor!”. Tive que dar uns dois cds praqueles bigodes antes que eles nos liberassem. Ao total foram quatro paradas com essa mesma história. Duas nessa viagem e duas alguns dias depois para o Peru. Tiras sacanas. Deram um prejú de pelo menos uns 40 doláres à esses roqueiros mindingos. Essas e uma descida na caótica rodoviária de Quito com o tempo certo de engolir um sanduíche foram os úniocos respiros com pé no chao.

Depois de 17 horas de pesadelo úmido no baú da morte, chegamos em Guayaquil. Maior cidade do Equador. O calor fez com que as frieiras do Cambito e do Duracel se multiplicassem como fungos. Na verdade é isso que frieiras são, certo? Eu não havia comentado antes, mas essa tem sido a grande peleja desses dois roqueiros nesses dias de América do Sul: a luta contra as frieiras. Eu até consigo vislumbrar um pouco de dignidade nelas. Não que eu queira ter frieiras, mas você pode enxerga-la como uma espécie de troféu de mindigagem thrash. Não que isso as torne menos nojentas.

Eram sete da matina e descemos no grandioso terminal de metrovia de Guayaquil. Muito bonito. Ligamos para Alejandro, o produtor do show do dia seguinte e ele foi nos apanhar por lá. Na verdade ainda tínhamos que pegar mais uma hora de ônibus até a cidade de Milagros, um município com cerca de 75 mil habitantes na província de Guayas, onde seria realmente o thrash. Chegando por lá levamos as coisas para o Hotel da irmã de Alejandro – três andares com aquelas caixas não é mole – e fomos tomar um desayuno. Pão, café, sem nada de estranho ou exótico dessa vez. Delícia. Desde o primeiro contato já podemos perceber como Alejandro era um cara ponta-firme e como sua assistência seria de primeira.

Milagres” Thrash.
Quem é do Goiás se sente em casa em qualquer interior. Passamos a manhã revezando o chuveiro e o videogame. Alejandro nos levou para almoçar num shopping. Puta rangón. Resolvi dar uma passada para olhar quais os filmes que estavam em cartaz. Acho que eu nem sei mais o que é cinema. Todos os últimos filmes que vi foram na maravilhosa telinha dos ônibus executivos. No caminho de volta para o Hotel nos deparamos com uma praça cheia de pessoas participando de uma gincana. Eu não entendi direito os objetivos ou as provas, mas tudo tinha um clima bem legal. Parecia que todas as pessoas da cidade estavam lá. Tinha um apresentador de peruca guiando um concurso de miss gincana ou algo assim. A mulecada passando voando nos carros pra realizar as provas com menos tempo possível. Teve até acidente de moto. Um misto de confraternização comunitária de sábado com videocassetadas. Me senti muito bem ali.

Voltamos para o Hotel. Estava muito cansado para sair. Fiquei com o Batera, Capaça e o videogame. Dormimos cedo. Os guerreiros das frieiras resolveram dar umas voltas pelas calles, mas também voltaram cedo. Nos trouxeram alguns biscoitos. No outro dia pela manhã, Alejandro estava de pé na porta do nosso quarto para nos levar aolocal do show, o bar “The Rock”. Seguimos em dois táxis e depois de descolar um cantinho pras nossas bagagens andamos algumas quadras até a casa de Alejandro para comer alguma coisa. Era comida pra caralho. Pão, sucrilhos, frutas e biscoitos de banana. Espero que ele não tenha ficado chateado com a nossa ogrice. Sabe como é, a praga nunca morre.

Era hora de passar o som e montar o merchandise. Alguns thrashers que tinha vindo de Guayaquil já estavam ali na porta.Conheci alguns deles, todos muito gente finas. O bar era bastante pequeno, como já disse algumas vezes, Caga-Sangue Style, do jeito que a gente gosta. A primeira banda a tocar era um cover do Slayer, o vocalista soava muito como o Tom Araya, incrível. Depois tocou outra banda de covers, mais heavy/speed. Rolou Caught in a Mosh e Metal Thrashing Mad, não consegui ficar sentado. Depois foi a vez de uma banda de Black Metal Old School como há tempos não escutava. Me lembrou aquele som gostoso do Sarcófago, Blasphemy e até Mayhem do Deathcrush. Coisa fina.O destaque vai pro vocal e guitarra que leva a banda desde os anos 80 e já deve estar beirando os quarenta anos, muito legal.

Depois disso, era a vez dos violas. Estávamos nos aquecendo no quintal do bar. Junto com umas bananeiras e uns varais com umas calçolas giagantes. Pião demais. Não poderia perder a oportunidade de bater umas fotos. Fomos tocar e o shw foi muito legal. As pessoas em cima da gente, a gente se arremessava em cima delas, eu me enfiava com o baixo no meio dos loucos, o Alejandro comandava uns circle pits redondinhos. Tudo muito legal. Bem na hora de Thrash Maniax, as pessoas que estavam de fora do show deram um jeito de acabar com a energia do lugar. Foram alguns segundos de total darkness, mão na bunda e assivios e tudo voltou ao normal. Um show bem legal.

Depois do show e de um tempo conversando com as pessoas no bar fomos andando atrás de um táxi. Voltamos para o hotel e o Alejandro nos levou para comer uma deliciosa comida chinesa. Sempre bom. Ainda era cedo e resolvemos ir dormir para aproveitar o dia seguinte em Guyaquil.Era nosso último role com Alejandro. Ele chegou no hotel cedo. Arrumamos nossas coisas, nos despedimos daqueles colchões confortáveis e pegamos o ônibus para Guayaquil. Uma hora depois estávamos naquele terminal bonito novamente. Dessa vez fazia bastante calor. Catamos uma espécie de pick-up com banquinho pra nos levar todos amontoados, esmagados e misturados as caixas.

Chegamos na casa de um amigo de Alejandro que nos permitiu deixar as tralhas lá. Muito gentil. Fomos caminhando por uma espécie de rio, um dos pontos turísticos e lugar bonito de Guayaquil. Passei no correio, mandei uma carta pra patroa. Fiquei com medo dela não chegar porque o carteiro pode não entender minha letra. Fomos a uma loja de rock. Sentamos num banco e tomamos coca-cola. Pegamos um ônibus numa avenida movimentada – o Capaça observou que por essas bandas todos os ônibus são pequenos – e fomos comer uma Pizza Hut. Já era noite. Hora de seguir para a rodoviária, nos despedirmos e agradecermos Alejandro e pegarmos o ônibus para Loja, sul do Equador e cidade do show de quarta feira com os cariocas camaradas do Unearthly.

Bem alojados em Loja
A viagem foi bem mais tranqüila e menos conturbada que a anterior. Mas nem por isso com menos histórias. Passou “Por um punhado de dólar”, clássico do western spaghetti do mestre Sergio Leone. Pena que só passou metade do filme. Acho que as companhias de ônibus presumem que todos os passageiros dormem nos primeiros 20 minutos. Eu acabei dormindo depois. Tinha uma mulher dis-graçada na minha frente que não fechou a maldita janela durante toda a viagem.Catei a agulha e linha dos patchs e costurei as cortinas do meu lado. Não adiantou de muita coisa. Acordei com a garganta lascada e assim estou até hoje, duas semanas depois. No meio da madrugada o Cambito levantou pra dar uma mijada e pegou um casal no flagra dentro do banheiro. Com aquela privada suja, frio e balanço intenso. Muita agilidade. De qualquer maneira, o mesmo galeroso que atacou no banheiro, não satisfeito em participar apenas de um bom causo nesse diário, me acorda pela manhã sentando ao meu lado, um pouco antes de deixarmos o ônibus, dizendo que precisava "buscar sua encomenda". O pilantra mete a mão embaixo do banco que estávamos e saca uns quatro ou cinco pacotes de narcóticos, daqueles que a gente vê em programa policial na hora do almoço. Sabe como é? O bicho sai na maior naturalidade e eu fico ali sentando pensando em como os cinco gringos aqui poderiam ter se fodido.

Descemos na rodoviária de Loja e lá mesmo encontramos duas bandas peruanas que tocariam com a gente no dia seguinte. Eles foram muito bacanas e nos ajudaram com a bagagem. Esperamos um pouco até que o Marlon, organizador do evento, chegasse por lá. Eram precisos uns quatro táxis pra levar aquele tanto de roqueiro. Eram várias bandas de vários países todos hospedados no mesmo hotel. Um hotel bem chique por sinal. A gente ficou em um quarto que era praticamente uma casa. Tinham umas oito camas, cozinha, banheiro. Dava pra perder um Cambito ali dentro. Me meti embaixo das cobertas com o videogame na mão.

Me arrependi de não ter tirado umas fotos em Loja. É uma cidade muito bonita. Parece com a Suíça da televisão. Nos dois dias que se passaram praticamente não demos rolê. Não estava muito propício. Um puta frio, Marlon tendo que cuidar de muitas coisas, pessoas e bandas. Todo mundo cansado, fraco. E por outro lado, uma cama macia e uma quantidade de edredons que parecia não ter fim. A gente se levantava, andava algumas quadras e tomava café. Voltava pro quarto. Levantava, mais algumas quadras, almoço. Quarto de novo. Levantava, passava pelas mesmas quadras e jantava. E eu tava feliz demais assim.

No jantar da primeira noite, o Batera teve o primeiro piripaque dessa tour. Deixou a todos muito preocupados. Estávamos sentados, aquela mesa enorme com bangers de vários países. De repente o bicho começa a falar baixinho: “to passando mal, não to me sentindo bem”. Ele levanta, dá uns dois passos e deita/despenca no chão ao nosso lado. A cara dele toda branca. Os lábios roxos. Parecia o Dead do Mayhem. Trouxemos café, empurramos sal. Acho que foi uma queda de pressão. O Duracel saiu correndo pra buscar uma ambulância. O coitado ficou uns bons minutos esparramado de olhos fechados e com o Capaça colocando as pernas pra cima. Talvez tenha sido um sinal do cão avisando que a gente não é de aço.

No outro dia tivemos que arrumar as coisas e deixar o quarto porque outras duas bandas da equatorianas ficariam hospedadas no nosso quarto. Pessoal do Resistência e do Torque. Eles são de Quito. Fazem um dvd chamado Telón de Acero e organizam shows porá até 20 mil pessoas na capital do Equador. Deixamos as nossas vagas pra eles. Não antes de dar um survival nas toalhas. Eu descolei um banho no corredor e troquei de roupa a recepção. Fui dar uma volta de havaianas pra ver se secava os pés. Almoçamos e fomos pro lugar do show. Ficava no quinto andar de um prédio. Depois de subir a última caixa, parecia que tinha acabado de sair das minhas aulas de educação física do segundo grau com o carrasco Azelu. Demos um tempo. Passamos o som. Uma dificuldade. Quando terminamos a passagem já tinha uma galera chegando. Era hora de montar o merchanda e se preparar pra tocar. Seríamos a terceira banda. Bom demais. Quanto tempo a gente ao tocava cedo. Dessa vez era porque o nosso ônibus saía às 11 da noite.

Na banquinha não vendemos nada. Ninguém conhecia a gente. Tava com saudade disso. Os caras do Unearthly chegaram, virados de um outro show no Peru e foi muito bom encontra-los. Tocamos a primeira vez com Marcelo e cia em 2004. Bacana revê-los, trocar experiências de tour, falar português, contar causos, essas coisas. Gostaria muito que eles tocassem em Brasília. Chegou a nossa vez. Tocamos e a maioria das pessoas ficou parada, acho que sem entender. Na frente, uma mulecada se matava com circle pits, stage dives. Thrash, porra. A altitude fazia a gente passar mal ao final de cada música. Mas mesmo assim foi muito divertido. Acabou o show, juntamos as coisas, nos despedimos dos Unearthly, agradecemos ao Marlon, descemos as cinco escadas e pegamos dois táxis pra rodoviária de Loja. Era uma quarta-feira véspera de feriado e a cidade estava incrivelmente movimentada. Tinha até banda de marchinha tocando pelas calles. Uma cena bonita. Na rodô, não havia nada pra comer. O Duracel juntou uns trocados e catou uns bolos horríveis pra gente. Entramos no ônibus e cruzamos a fronteira ainda na madrugada. Mas isso fica para o próximo post.

Abraços a todos os roqueiros. Saudade da porra. Um “vai se lascar” pros modistas. Thrasheiros ou não.
La Plaga nunca muerre.

Arriba!
UFT!
Poney


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Date: 15/11/2024

Night of the Living Thrashers 2 : The Head Bangers Bloody Revenge.

Lobotomia (SP)

Violator (DF)

Blasthrash (SP)

Infected (SP)

 Criminal Mosh (SP)

As 17:00, pontualmente.

Ingressos antecipados: R$ 12,00
Ingressos na porta: R$ 15 ,00

Local: Inferno - Rua Augusta 501 - Consolação


Date: 29/11/2024

Violator em Teresina!

Local: Noé Mendes - 20 horas

Ingressos antecipados nos locais:

Moral, Antro e Toccata




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